
STUMP ANÁLISE – 15 DE AGOSTO DE 2022
ADRIANO BARCELOS
O Auxílio Brasil turbinado, foco principal do pacote de bondades feito sob medida para dar sustentação às pretensões de reeleição do presidente Jair Bolsonaro, deverá surtir efeito no desempenho dele nas pesquisas. Levantamentos como o FSB/BTG, semana passada, já identificaram a subida: (Lula 41%, Bolsonaro 34%). É possível que o primeiro Datafolha de agosto, a ser conhecido esta semana, reitere o movimento do eleitorado.
O presidente conta ainda com o fator sorte. A guerra da Ucrânia foi devidamente precificada pelo mercado e o torniquete apertado da carestia das commodities em adição às perdas econômicas da Covid-19 fizeram a Organização dos Países Exportadores do Petróleo (Opep) dar um cavalo-de-pau nos analistas. O barril do tipo Brent já esteve US$ 130 em março; havia estimativas de mais de US$ 200 no fim de 2022 – mas, no entanto, a commodity transita na faixa dos US$ 95.
A mola propulsora da Opep é o temor de recessão na Europa, mas Bolsonaro não tem nada com isso e colocou na Petrobras o seu 4º presidente, Caio Mário Paes de Andrade, exatamente com a tarefa de baixar o preço da gasolina. Com o vento a favor, mais a polêmica medida do Congresso que limitou o ICMS sobre combustíveis, o trabalho ficou fácil e a gasolina caiu.
Porém, na linguagem do mercado, quando um fato é reconhecido como dado e imutável, se costuma dizer que está “precificado” – ou seja, já causou todo impacto que poderia alcançar. Do ponto de vista eleitoral, o mesmo tende a ocorrer com as pesquisas de opinião. Haverá uma franja favorável ao presidente, mas é imperioso dizer que a inflação corroeu parte do impacto que os R$ 600 tiveram em 2020: a mágica não se repetirá, ao menos não na dimensão que Bolsonaro gostaria. Auxiliares palacianos que previam a virada do governo nas pesquisas com a pedra de toque do impacto dos programas sociais no Nordeste já sabem que isso não acontecerá.
A PREVISÃO STUMP É: BOLSONARO CRESCERÁ NAS PESQUISAS MAS, SEM UM FATO NOVO, ESSE CRESCIMENTO NÃO DEVERÁ SE SUSTENTAR.
A máquina pública é o melhor cabo eleitoral – jamais na História do Brasil desde a Nova República um presidente deixou de se reeleger. Mas os pouco mais de 40 dias até a eleição deixam em suspenso o que mais o presidente pode extrair da força do cargo. Os festejos do bicentenário da Independência em 7 de setembro serão um teste profundo sobre o humor da campanha do presidente. Quão mais desalinhada for a celebração, mais evidente parecerá que a vitória eleitoral é considerada mais longe pelo próprio Palácio do Planalto.
A missão número 1 de Bolsonaro e sua campanha deverá ser evitar uma vitória de Lula em primeiro turno; a segunda, dinamitar a montanha de 60% de rejeição contra ele. A vitória é aritmeticamente impossível sem baixar esse percentual. É uma semana de pesquisas (veja abaixo), com tendência de trégua no desalento da campanha de Bolsonaro. O que virá depois possivelmente não será tão bom para o presidente.
CALENDÁRIO DA SEMANA
15 – FINAL DO PRAZO PARA REGISTRO DE CANDIDATOS
15 – PESQUISA BTG/FSB
15 – PESQUISA IPEC/GLOBO
16 – INÍCIO DA PROPAGANDA ELEITORAL
16 – POSSE DE ALEXANDRE DE MORAES NA PRESIDÊNCIA DO TSE
17 – PESQUISA GENIAL/QUAEST
18 – PESQUISA DATAFOLHA
O Stump Análise é um instrumento técnico cujo objetivo é projetar, antecipar e prever o que acontecerá, de acordo com convicções resultantes de nossa expertise. Analisamos temas da Agenda Nacional e não necessariamente nossas predições representam o que gostaríamos que acontecesse e tampouco torcemos para que o projeto político de A ou B prospere ou fracasse. Não julgue nossas previsões sob qualquer prisma político – mas fique à vontade para nos cobrar se não estiverem corretas.