Relações Institucionais e Governamentais: em tempos de polarização, só setores organizados terão acesso à agenda pública

Em tempos de polarização e incertezas, o papel das Relações Institucionais e Governamentais (RelGov) torna-se crucial no cenário brasileiro. O debate público, muitas vezes contaminado por discursos radicais e desinformação, afasta a sociedade do protagonismo necessário na construção de consensos.

Nesse contexto, a atuação dos profissionais de RelGov se destaca como um elemento essencial para mediar os interesses da sociedade junto ao parlamento, ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A polarização política no Brasil tem gerado um ambiente onde o diálogo construtivo é cada vez mais raro. Os debates, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal, frequentemente refletem essa divisão, dificultando a aprovação de políticas públicas que atendam às necessidades reais da população. A função dos profissionais de RelGov é, portanto, vital para reconectar a sociedade com seus representantes, promovendo um debate mais equilibrado e informado.

Junto à Esplanada, onde as decisões do Executivo são tomadas, a influência dos profissionais de RelGov é igualmente importante. Eles atuam como intermediários, apresentando demandas e preocupações da sociedade civil e do setor privado a ministros de demais autoridades. Esse diálogo constante ajuda a garantir que as políticas públicas sejam desenvolvidas com base em dados concretos e necessidades reais, e não apenas em interesses políticos de curto prazo.

Profissionais de RelGov vão além da intermediação

O STF, como guardião da Constituição e dos direitos fundamentais, também é um espaço onde as Relações Institucionais e Governamentais desempenham um papel crucial. Profissionais de RelGov podem facilitar a comunicação entre a sociedade e o Judiciário, promovendo uma melhor compreensão das decisões judiciais e suas implicações. Além disso, podem auxiliar na construção de argumentos jurídicos que reflitam os anseios da população, contribuindo para um Judiciário mais conectado com a realidade social.

A atuação dos profissionais de RelGov vai além da mera intermediação. Eles são agentes de transformação, capazes de promover a articulação entre diferentes setores da sociedade e o governo. Por meio de análises detalhadas, construção de redes de contato e planejamento estratégico, esses profissionais ajudam a construir uma agenda que realmente reflita as prioridades da sociedade.

Em tempos de crise e incertezas, sua habilidade em navegar por cenários complexos e encontrar pontos de convergência é fundamental para a estabilidade e o progresso do país.

Se interessou pelo trabalho de RelGov, em defesa de sua empresa ou instituição? Procure a Stump Comunicação & Estratégia.

Game of Thrones Tupiniquim: em Pernambuco, clãs familiares se digladiam em Estado onde Lula é Rei

STUMP ANÁLISE – ESPECIAL ELEIÇÕES 2022

EUCLIDES BITELO, analista convidado

Uma certeza já temos para Pernambuco em 2022: Lula vencerá, com folga, a disputa pelo Palácio do Planalto no Estado que desde 2006, quando o falecido Eduardo Campos (1965-2014) conquistou o governo, é considerado a principal fortificação do PSB no país.

Porém, a alta rejeição do atual governador Paulo Câmara (PSB), acima dos 65%, tem dificultado o crescimento do candidato do partido, Danilo Cabral, filho do ex-deputado estadual Adalberto Cabral. Ele é considerado um quadro de confiança da família Campos ao Palácio do Campo das Princesas.

E é exatamente este legado que move a disputa eleitoral no Estado Nordestino após o racha no clã, que tem suas raízes políticas no avô de Eduardo, Miguel Arraes (1916-2005). Essa busca por espaço na política local desandou de vez nas últimas eleições para a prefeitura de Recife, quando o atual prefeito e filho de Eduardo, João Campos (PSB), venceu sua prima Marília Arraes (Solidariedade, mas na época do PT), em uma eleição recheada de acusações de ambas as partes. Um amigo que vive em Pernambuco descreveu a situação da seguinte forma: “é um Game of Thrones (GOT) com regras de briga de rua, onde dedo no olho e chute no saco estão liberados.” 

Completam a disputa do GOT Tupiniquim, entre os favoritos, Raquel Lyra (PSDB), filha do ex-governador João Lyra Neto, eleito, adivinhem, como vice na chapa de Eduardo Campos, e ex-prefeita de Caruaru; o atual prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (União Brasil), da tradicional família Bezerra Coelho que domina a política no oeste pernambucano; e Anderson Ferreira (PL), prefeito da cidade de Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana de Recife, e filho de Manoel Ferreira (PSC), atualmente deputado estadual em Pernambuco.

FORA DA ESQUERDA, TENTATIVA DE DESVINVULAÇÃO COM ELEIÇÃO PRESIDENCIAL

Toda essa fragmentação e o poder de caciques estaduais e regionais aumenta a possibilidade de um segundo turno nas eleições deste ano. Se Danilo Cabral diz que sua chapa é o único palanque pernambucano do ex-presidente Lula e espera crescer com isso, Marília também abriu seu voto ao petista na disputa nacional. Como a força de Lula no Estado é enorme, outros candidatos, mesmo os mais à direita, tentam se descolar da influência do atual presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Miguel Coelho oficialmente apoia a candidata de seu partido, Soraya Thronicke, e Raquel Lyra diz apoiar, em frente às câmeras pelo menos, Simone Tebet (MDB). Nos dois casos, eles tentam se desvincular da eleição federal. Até mesmo o candidato do PL, Anderson Ferreira, que deve ceder seu palanque para o atual presidente, dá declarações dizendo que “é candidato ao governo e que vai negociar com quem quer que se eleja presidente”. Porém, sua maior chance de ir ao segundo turno segue sendo se vincular ao presidente, atraindo assim os votos anti-Lula e principalmente o antipetismo pernambucano. 

Tirando Marília que, se depender das pesquisas realizadas por diferentes institutos de pesquisa, tem vaga praticamente garantida no segundo turno (podendo até vencer no primeiro, caso consiga colar sua imagem como a representante lulista no Pernambuco), os outros candidatos alternam posições nas amostragens eleitorais. 

Como já escrevi acima, Marília, além de ter preferência de grande parte da esquerda lulista, ainda carrega o sobrenome Arraes, um dos mais tradicionais em um Estado com a política extremamente ligada aos clãs familiares. Por outro lado, os adversários de Marília devem intensificar os ataques às suas alianças eleitorais, que segundo eles colocam em xeque sua lealdade ao legado do avô, e também na ojeriza ao PT, partido ao qual ela era filiada até pouco tempo e ainda muito forte em algumas regiões do interior de Pernambuco.

APOSTA EM LULA NA DISPUTA POR TERRENO ENTRE PT E PSB

Com o ex-presidente Lula subindo no palanque do candidato do PSB, cuja vice é do PT, Danilo Cabral pode avançar algumas casas e roubar votos de Marília. Porém, isso pode dividir os votos à esquerda e abrir espaço para que algum dos candidatos de centro e direita avancem para o segundo turno. As chances maiores são de Raquel Lyra e Miguel Coelho, que com a estratégia de tentarem se desvincular da disputa nacional podem, ao mesmo tempo, herdar votos do antipetismo mas sem colar a imagem ao presidente Bolsonaro. O presidente tem forte rejeição em todo o Nordeste brasileiro, mas especialmente em Pernambuco. A Anderson Ferreira, resta torcer para que o pacote eleitoral do governo federal surta algum efeito nas pesquisas em Pernambuco, o que acho difícil, uma vez que essas eleições têm mostrado que os votos nordestinos no ex-presidente Lula estão muito consolidados, praticamente cristalizados. 

Tanto nas atuais pesquisas, como em projeções, Marília se mostra como franca favorita a vencer e desbancar o “reinado” do PSB em Pernambuco. Para Cabral o melhor cenário seria Lula vencer no primeiro-turno, uma possibilidade cada vez menor devido ao crescimento do presidente Bolsonaro nas pesquisas. Isso faria ele colar sua imagem como “o candidato do Lula” e subir nos levantamentos. Contra os candidatos de centro e direita, acredito, que tanto Marília como Cabral venceriam a disputa, mesmo com um segundo turno em nível federal com acirramento dos ânimos e muita lodo brotando em esgotos de mentiras e fake news de todos os lados. As chances dos postulantes mais ao centro e à direita nesse GOT Tupiniquim é que alguma novidade contamine o cenário atual, e como sabemos, o Nordeste nos apresenta algumas surpresas por ser essa eterna “Terra em Transe”.

O Stump Análise é um instrumento técnico cujo objetivo é projetar, antecipar e prever o que acontecerá, de acordo com convicções resultantes de nossa expertise. Analisamos temas da Agenda Nacional e não necessariamente nossas predições representam o que gostaríamos que acontecesse e tampouco torcemos para que o projeto político de A ou B prospere ou fracasse. Não julgue nossas previsões sob qualquer prisma político – mas fique à vontade para nos cobrar se não estiverem corretas